Eram 13 ou 14 horas de uma terça-feira, já não me recordo bem. Passaram apenas 4 meses, mas estes foram tão intensos que não me deram tempo de começar a contar esta história e, espero não ter esquecido de detalhes importantes para narrar toda a loucura que foi a minha vida em 2016.
Naquele dia chegávamos a Santiago de Compostela, vindos do Rio de Janeiro, eu, marido e filho, todos prontos para começar uma vida nova. Ao menos assim acreditávamos.
Depois de uma breve passagem pelo aeroporto de Madrid, para trocar de avião, descemos em Santiago de Compostela, onde a polícia, diferente de Madri, não se fez de rogada e olhou todas as malas de todos os passageiros. Ainda bem que éramos os últimos da fila, senão teríamos reclamações. Eram 7 malas e todas foram rigorosamente vistoriadas.
Por quê? Para que? Com quem? Onde? Quanto tempo?
E tornavam a perguntar: Para quê? Quanto tempo? Onde? Por quê? Até que se deram por vencidos, ali não tinha nada além de roupa e livros de pessoas que iriam passar apenas alguns meses na Cidade, visitando familiares. Depois de 30 minutos de perguntas e vistoria, saímos para um saguão vazio, como o da foto. Tive a impressão que o aeroporto abria para receber o vôo e depois fechava e voltava a dormir como um gigante cansado do árduo trabalho de receber e despachar pessoas.
Ali, sozinho e preocupado, achando que tínhamos perdido a conexão em Madrid estava Severino, primo de Enrique, que foi amavelmente nos receber. Ele foi quem me apresentou as primeiras ruas da Cidade. Minha primeira viagem internacional, já com a definição de mudança para uma nova vida.
Sim, isso mesmo, sem nunca ter viajado para fora do meu País Natal, sem conhecer Santiago de Compostela ou a Espanha e com pouca informação, resolvi aceitar o desafio proposto pelo Enrique e mudamos para o lugar de onde veio seu pai. Assim nasce “Uma Vida em 7 Malas”.
Para esta viagem transformamos toda a nossa vida (eu, marido e filho) em 7 malas e em 3 corações apertados de medo e esperança. Não posso falar do sentimento deles, mas sim do meu, eu estava com muito medo, mas esta é uma palavra que não gosto que fique por muito tempo no meu vocabulário e logo espantei, dando lugar ao novo e à esperança.
A proposta destes canais (blog e vlog) é dividir com vocês o que passamos por aqui. Os aprendizados, os micos, as dúvidas, as certezas, as alegrias e tristezas.
Espero que se divirtam!