Como vimos no BEDA#5, o minimalismo surgiu na minha vida como uma tendência e um desejo de fazer parte de um grupo com o qual eu me identificasse. Na parte referente a empresa, ao meu trabalho, foi muito mais fácil do que se fazia a parte pessoal. Acho que o motivo é bem claro, no trabalho eu já fazia parte de um grupo. Mesmo que estando dia-a-dia sozinha, isso não era um problema, uma vez que eu tinha grandes corporações por trás me dando apoio e respaldo. E o lado pessoal?
Quem me conhece sabe, pareço tranquila, mas a cabeça está sempre a mil. Sou meu maior, melhor e pior treinador. Exijo de mim o limite de cada dia. Nunca estava satisfeita com o que me apresentava e tinha crises de estresse muito fortes, cada vez mais fortes.
Acredito que a busca pelo minimalismo, por algo novo, mínimo e simples.. era meu inconsciente gritando e pedindo ajuda, uma vez que eu não percebia que as crises de nervosismos, ansiedade, dores de cabeça, noites mal dormidas, dores na coluna e tantas outras coisas, estavam me chamando a atenção para algo que não ía bem no meu corpo relacionado ao modelo de vida que levava.
Quando percebi que me faltava um motivo, a consciência de porque queria o minimalismo em minha vida, foi mais fácil responder a cada pergunta que me fazia. Algumas demoravam mais, como por exemplo o que mais quero na minha vida? Não me valia a resposta: “meu marido e meu filho”, porque sei que só isso não me faria feliz e completa. Gosto muito das minhas conquistas pessoais, elas são muito importantes para mim, e o minimalismo estava já nesse nível, conseguir compreender e viver o minimalismo era um objetivo a ser conquistado.
Passaram-se meses de trabalho intimo, onde me questionava sobre o querer e o valor. Me questionava o que de verdade era necessário. Sempre tentava ver quando estava me sabotando e mentindo para mim mesma. Tem quem comece o processo e consiga desapegar com facilidade, eu não considero que foi difícil o desapego pra mim. Desapegar foi fácil, o mais complexo foi manter a mente no necessário e não me permitir ir de compras para simplesmente encobrir uma tristeza, ou comprar porque o outro tem algo parecido, por imagem ou status.
Foi nesse momento que percebi que o minimalismo não pode ser só vivido externamente com seus bens, mas sim sentido e compreendido.
- Sentindo-se livre e liberta para levar sua vida para onde queira, sem grandes troços materiais que te bloqueiem o fluxo de energia da vida.
- Vivendo um dia de cada vez, de forma simples e ordenada. Não colocando na caixa de entrada mais do que você, com suas limitações seja capaz de suportar.
- Aprendi a dizer não e, mais gratificante a saber receber o não.
- Confesso que ainda tenho muito que aprender, mas algo aprendi… Melhor dizer, estou aprendendo a esperar. Nem tudo vem no meu tempo, eu não controlo o tempo desta forma, como para dizer o que tem que ser e quando eu quero.
- Aprendi a falar menos, falar o necessário. Aprendi a ouvir mais e melhor, que chamamos de escuta ativa.
No meio tempo de tantos aprendizados, meu pai morreu num trágico acidente de carro. Foi um momento duro, onde tive que rever toda uma história de vida muito complicada, foi quando validei informações que tinha a seu respeito e descobri que na realidade não conhecia ao meu pai. Foram 7 dias em que meu pai esteve na UTI, entre a vida e a morte e 1 mês e meio, tempo que tive para esvaziar seu apartamento e liberar para locação. Durante esse tempo, recebia ao menos 2 vezes por semana, a ligação da minha Diretora dizendo que não podia mais me esperar, tinha que trabalhar e vender. Na verdade não deixei de trabalhar e vender, mas a cabeça estava fora de foco e não alcançava os meus objetivos com tanta facilidade. Nesse período perdi totalmente o foco e, sem grande esforço, abandonei o minimalismo.